Conta-se na família que quando algum rapaz nascia, lá chegava o meu tio Carlos ao ouvido e gritava baixinho "Ahhh leeeãooo!". Não sei se comigo foi assim, o certo é que desde muito novo o sangue verde corre-me nas veias, assim como a mais de 90% da minha família! O meu Tio Carlos era tramado!A melhor dele, contam, aconteceu no GIR do Rodrigo. Era verão. Lá estavam os reformados do costume numa jogatana de sueca. Ao lado da mesa o meu tio apreciava o desenrolar do jogo. É então que se lembra de atirar para o ar um comentário "Agora ia uma coisa fresquinha não ia?" Da mesa transbordaram sorrisos, já a contarem com uma cervejinha bem gelada a caminho. É então que o meu tio se vira e abre a janela. "E agora, tá melhor?"
Costumava dizer, quando em conversa se comentava que alguém tinha falecido, que era mau, porque quantos mais morressem, mais depressa chegava a vez dele. Chegou hoje. Um mês depois do meu avô.
Gosto de pensar que estão agora reunidos os dois, com um copinho de vinho e outro de cerveja na mesa enquanto jogam o loto, como tantas vezes acontecia na véspera de Natal. E parece que o estou a ver, virar-se para o avô Joaquim com aquele ar que só ele sabia fazer, e enquanto fazia o gesto de cortar com uma tesoura numa das mãos, e dizia: "Ó Quim, olha a reforma!! Olha que eu corto-te a reforma!!"
Saudações leoninas tio. Fica bem.
Sem comentários:
Enviar um comentário