dezembro 03, 2008

BASTA!

Era uma vez um país à beira-mar plantado, onde tudo corria às mil maravilhas e onde todos eram felizes. Mais felizes ficaram quando entraram na União Europeia e mais tarde aderiram à moeda única, o euro. Mas o princípio do problema começa aí, porque o português que antes pagava 50 escudos por um café agora passou a pagar pelo mesmo 50 cêntimos...como não houve regulamentação nos preços e sendo o "tuga" chico esperto por natureza foi um "vê se te avias"!

Depois veio um governo novo, cheio de esperança, vontade de mudar e de ideias novas. Confesso que fui um dos enganados. O panorama era mau e era preciso arranjar novas receitas ou pelo menos cortar nas despesas. Fizeram-se estudos e definiu-se um alvo: a educação. Era comum a ideia de que os professores não faziam nada e não se percebia porque é que a taxa de reprovações era das mais altas da Europa. Então pensaram, vamos ganhar aqui o partido dos pais e dos alunos e depois podemos bater nos professores à vontade. Foi então que apareceram portáteis a preços da chuva para toda a gente, até mesmo para os mais pequenos, criando uma campanha "vamos aqui pegar numa ideia de outros e dar-lhe o nome português para parecer que fomos nós".

Ao mesmo tempo sairam-se com um modelo de avaliação para os professores. Aquilo que até parecia uma boa ideia, cedo se percebeu que tinha dois objectivos: dividir a classe dos professores fazendo com que apenas uma pequena minoria pudesse chegar ao topo da carreira (o que equivalia a uma grande diminuição de custos) e aumentar o sucesso escolar, criando um item no modelo em que o professor poderia sair prejudicado dependendo dos resultados escolares dos seus alunos (isto já para não falar dos exames nacionais mais fáceis e da panóplia de cursos novos criados apenas com um intuito, melhorar a estatística). Assim, passava-se a gastar menos e a ter melhores alunos, ou pelo menos seria essa a ideia que passaria (e como interessa no nosso país passar ideias de isto ou daquilo...). Isto tudo enquanto instituições bancárias continuavam os seus desfalques nas barbas do governo e as empresas de combustível continuam a "brincar" com os preços, aumentando os mesmos no dia seguinte ao aumento do preço do petróleo mas apenas os baixando (numa proporção inferior) apenas uma semana depois da baixa de preços.

Mas surgiu algo com que eles não contavam, a resposta dos professores. Para já apenas sob a forma de manifestações e, hoje, greves. Porque este governo do "quero, posso e mando" tem que perceber que neste país ainda reina uma democracia e que as pessoas são livres de expressarem o que sentem e pensam e não é com ameaças que vão conseguir os seus objectivos. É por tudo isto que hoje aderi à greve.

Neste belo país com paisagens magníficas, uma costa de sonho e umas praias do melhor que há (como fazem questão de dizer os estrangeiros que inundam o país no verão) que até tem o melhor jogador e treinador de futebol do mundo, mais cedo ou mais tarde eles vão ter que recuar, e acredito que seja mais cedo, até porque pró ano há eleições e quem está no poleiro, como bom tuga que é, há-de-se querer manter por lá...

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