março 12, 2012

o Sporting de Sá Pinto

Eu acredito! Pode parecer um lugar comum, um dejà vù mas quer-me parecer que desta vez é que é. O Sporting está no caminho certo. E digo-o baseado em vários factores que passo a enunciar.

No futebol como na vida, por vezes a diferença entre o sucesso e o insucesso deve-se a pormenores. Para se atingir determinados patamares é preciso haver capacidade de superação. Para se ambicionar chegar ao topo, várias serão as vezes em que estamos numa situação limite em que pensamos ou sentimos que já não conseguimos dar mais, atingimos o nosso limite e desistimos, ou então buscamos forças sabe-se lá onde e conseguimos chegar um pouco mais além, conseguimos superar-nos. É esse "pequeno" pormenor, que muitas vezes, faz a diferença. É esse pormenor que define o sucesso ou o insucesso. Mas para dar esse passo é necessário uma coisa muito importante: acreditar. Nunca se consegue ultrapassar os limites se conscientemente não acreditarmos que o conseguimos fazer. É preciso pois acreditar em nós próprios e/ou em quem tem a missão de nos guiar, nos liderar. E o Sporting neste momento, tem esse líder!

Eu, e acredito que a maioria da massa adepta sportinguista, sempre gostámos de Sá Pinto. Porque em cada um dos jogos que fez com a camisola verde e branca deixou tudo em campo. Lutou até à última gota de suor pelo sucesso do emblema que envergava. Sentia-se isso! Por vezes um pouco impetuoso de mais (que lhe valeu alguns episódios mais tristes fora do relvado), mas a garra, o querer, a coragem, o carácter sempre lá estiveram. Sá Pinto era um exemplo de profissionalismo para todos, no Sporting. Quando soube que iria substituir Domingos torci o nariz. Não porque não gostasse da escolha, mas porque a achei cedo demais. Sá estava a fazer um bom trabalho nos júniores mas lançado desta maneira, a meio de uma época conturbada, para uma equipa nova e totalmente de rastos poderia ser o xeque-mate na sua, ainda curta, carreira de treinador. Que a equipa ao fim de algum tempo iria ter a sua imagem agradava a qualquer sportinguista, mas do ponto de vista táctico talvez ainda fosse muito cedo para ele pegar na equipa. Mas fê-lo. Sem medo e com um sorriso nos lábios, como sempre. Colocou o coração à frente da razão e pegou nas rédeas da equipa.

Nos primeiros jogos viu-se uma ou outra melhoria. A equipa começou a ganhar mas sem deslumbrar. Normal. Havia e há muito trabalho pela frente. A derrota em Setúbal colocou os adeptos no sítio. Não há milagres. É preciso tempo. Hoje pode-se dizer que ainda bem que se perdeu em Setúbal daquela maneira! Seguia-se a poderosa equipa do Manchester City. 90% das pessoas acreditava numa derrota. Provavelmente 50% desses 90, apostaria numa goleada, até pela forma como o Porto foi eliminado, 6-1 no total. Eu estava apreensivo até ao dia antes do jogo, até ouvir a conferência de imprensa de Sá Pinto. Sem qualquer espécie de medo, Sá disse uma grande verdade: eles eram o Sporting e não temiam nem podiam temer ninguém. E essa mensagem passou para os adeptos, e principalmente, para os jogadores. Desde essa hora, puxei o filme atrás e dei razão a Sá Pinto: o City tem um plantel brutal ao nível da qualidade e quantidade de jogadores mas até há 3/4 anos atrás era uma equipa média de Inglaterra. O Sporting, apesar de não ter grandes feitos na Europa, tinha algo que nenhuma dinheiro compra, tinha história, prestígio, o seu nome era e é respeitado por essa Europa fora. Foi isso que Sá quis transmitir e confesso que desde essa hora, acreditei que era possível bater o City, o que veio a acontecer duma forma brava, com muito querer, garra, coragem, audácia, alguma sorte e luta. Com atitude. Os jogadores jogaram como equipa e a certa altura parecia que o Sporting tinha mais jogadores em campo que o adversário. Foi um bom prenúncio.

A seguir vinha o Guimarães. Um adversário perigoso, a subir de forma e na posição imediatamente a seguir na classificação. Ainda por cima o jogo tinha sido há 72 horas (aquela que é sempre a desculpa mais utilizada pelos treinadores para desculpar um resultado menos bom ou uma exibição menos conseguida a seguir a um jogo a meio da semana) e de uma exigência muito grande em termos físicos. A resposta da equipa não podia ser melhor. Não só venceu, como o fez por números expressivos e mais importante, com uma sensação de tranquilidade que os adeptos do Sporting já não tinham há muito. A equipa voltou a mostrar-se muito unida e a atitude voltou a ser a mesma do jogo anterior. Deu para Wolfswinkel voltar aos golos e até para o infortunado Jeffren mostrar aquilo que se espera dele, classe e golos. Mas no meio de tudo fico com dois pormenores, sempre os pormenores. Segundos antes de Jeffren entrar, a câmara mostra Sá Pinto a dar um forte abraço ao jogador e a dizer-lhe algo ao ouvido. O jogador entra e pouco depois marca. Após o golo, a câmara volta a mostrar Sá e é possível ver a forma sentida como se dirige ao médico e lhe dá um grande abraço, como que a agradecer-lhe o que tinha feito por Jeffren. E isso para mim disse muita coisa! Começou a fazer sentido o que Izmailov dissera dias antes ao referir que Sá Pinto era alguém pelo qual valia a pena lutar ou as diferentes imagens visíveis ao longo dos treinos em que se vê a boa disposição que envolvia a equipa, ou os abraços entre Sá e Paulinho sempre que há um golo. Isto mostra que o Sporting tem um líder que todos (não só os jogadores) respeitam e pelo qual estão dispostos a deixar a pele em campo, a superar-se dentro e fora do relvado, como o têm feito ultimamente. E isso é mais de meio caminho andado para o sucesso. Neste momento, os jogadores, equipa técnica e funcionários acreditam em si mesmos e em quem os lidera.

O caminho é longo e cheio de obstáculos. Haverão tropeços, quedas, passos atrás, reaprendizagens. Faz parte. Mas haverá sempre o jogo com o Manchester, o jogo com o Guimarães, o jogo em Setúbal. Haverão exemplos do que se quer e não quer, de qual o caminho a seguir. A equipa ainda está numa fase de crescimento mas agora, quer-me parecer, está disponível para dar passos firmes. Segue-se Manchester. Vai ser extremamente difícil, o ambiente será terrível, mas o Sporting está preparado. Para vencer? Não sei, não há jogos iguais. Para dar luta e deixar tudo em campo? Não tenho dúvidas disso. Depois, se houver aquela estrelinha que é sempre necessária neste momentos, quem sabe o Sporting não escreve mais uma meritória página da sua história. É muito complicado, mas é possível. E só é possível quando se acredita. Eu acredito.

2 comentários:

SamyOli disse...

Grande post! EU ACREDITO!

Anónimo disse...

Eu acredito. Força sporting. Marco M.