abril 10, 2011

os domingos à tarde...

Era domingo! Enquanto a minha mãe ia à missa, era normalmente quando eu acordava. Um sorriso enchia-me o rosto pois era domingo, dia de jogo!

Lá almoçava, já com um os níveis de ansiedade a subir, esperando que as 3 da tarde chegassem depressa. Por volta das duas, o meu pai lá procurava um lugar perto do estádio, o saudoso Santos Pinto. A maioria das pessoas estavam na fila para entrar, outros punham as cotas em dia. Com o meu pai, passávamos ao lado e subíamos na direcção da bancada lateral. Praticamente nunca havia fila para entrar. O meu pai lá mostrava o cartão e eu, menor de idade apesar da altura, lá entrava mais uma vez gratuitamente.

Escolhíamos o sítio, normalmente perto do balneário e com a encosta da serra mesmo ao lado. O início do jogo aproximava-se. E perto das 3, o ritual celebrava-se. Do alto dos megafones colocados no topo da bancada central ecoava Amália Rodrigues. Ainda hoje é o dia em que ouço a linda canção da cidade neve e sou imediatamente transportado para aquela bancada lateral, enquanto observava as equipas a entrar em campo. Normalmente a música era interrompida breves segundos antes do pontapé de saída. O jogo começava e estava nas minhas "sete quintas"! A ver os leões da serra (muitas vezes contra equipas da 1ª divisão apesar de já há mais de duas décadas não estarem na divisão maior) e a ouvir os relatos dos restantes jogos, na altura todos à mesma hora. Assim foram muitos domingos à tarde da minha infância e pré-adolescência. Hoje é domingo e veio-me esta saudade.