maio 06, 2010

Obrigado mochilas!

"Isto é para aquela malta que nos apoia", disse, a chorar, apontando para a bancada. "Era importante para os jogadores e para os adeptos. Tive um dia inspirado mas senti que não havia alternativa - aquela taça tinha de ser nossa, custasse o que custasse"
Iordanov, após a final da Taça de 1995

Estas palavras e a imagem de Iordanov com a Taça na mão a chorar virado para a bancada onde eu, com os meus 18 anos e ainda sem festejar um título estava, é daquelas coisas que nunca se esquecem. Iordanov não foi um grandíssimo jogador, mas foi um exemplo para qualquer profissional de futebol e ainda hoje é, um grande homem. Como jogador a sua abnegação e entrega fizeram dele algo que poucos adivinhariam quando o viram dar os primeiros toques num clube que andava à procura de títulos no início dos anos 90. Mas foi aquela tarde de Maio no Jamor que jamais se esquecerá.

O Sporting estava em jejum desde 1982 e jogava a final da Taça frente ao Marítimo. Uma equipa treinada por Carlos Queiroz e onde pontificavam nomes como Figo, Balakov, Amunike, Juskowiak, Carlos Xavier, Oceano mas onde a glória estaria guardada para alguém que com menos nome se esforçava, dedicava e era devoto à camisola como poucos. A história já é conhecida. Iordanov fez nessa inesquecível tarde de Maio talvez a sua melhor exibição de verde e branco, coroada com 2 golos. A Taça era nossa!

Iordanov foi também o primeiro capitão estrangeiro do clube. Mesmo depois de detectada a doença que ainda hoje o assola, assegurou ao médico que estaria no Mundial de 1998. E esteve. Em 1999 ainda marcou 13 golos pelo Sporting
. Em 2000, foi ele que colocou o cachecol à volta do leão na estátua do Marquês, numa vitória que quebrou o longo jejum sem campeonatos do clube. As suas palavras diziam tudo "Não tenho vertigens mas mesmo que tivesse subiria sempre! Estava tão feliz e chorei tanto que só depois tive consciência do que tinha feito". Era este homem que dava dinheiro ao Paulinho para ele trazer bolinhos para o balneário. Foi este homem que ontem, tarde mas felizmente ainda a tempo, foi homenageado perante uma plateia rendida, eu incluído.
Confesso que foi emocionante, porque tudo em Iordanov foi sempre genuíno.
"Nunca confundi pessoas e instituição. Para mim o Sporting será sempre sagrado. Por isso gostava de ver Alvalade cheio. A receita será toda para doar a instituições de caridade, mas significava muito ter uma última noite com todos aqueles que me apoiaram". E tiveste guerreiro. Tarde...mas tiveste! Serás sempre um exemplo.

Obrigado por tudo, mochilas e Boa Sorte.


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