Depois de aberto e espalhado sobre a mesa, começamos a olhar para as peças do puzzle e a primeira reacção é não fazer ideia onde aquilo se encaixa! Estamos muito longe de ter o quadro completo. Não faz sentido. Conforme vamos colocando peças, o desenho vai-se compondo e aquelas peças que inicialmente não faziam sentido, começam a encaixar-se. Quando já sobram poucas pegamos naquela que já vislumbrámos como a peça final e com surpresa apercebemo-nos que não encaixa! Substituímos por outra e voilá! Puzzle completo. Assim se podem definir os filmes de Nolan com uma diferença: no final o puzzle, aparentemente completo, pode não o estar! Nolan gosta de deixar a dúvida em quem vê, ainda que aparentemente a nossa "imagem" do puzzle completo, bata certo...
Cobb (Di Caprio) vive oprimido com acontecimentos passados e rouba segredos e ideias às pessoas directamente das suas mentes, durante os sonhos, o que faz dele um homem poderoso mas também um alvo. Contudo, um último trabalho pode devolver-lhe a sua antiga vida. Um trabalho onde lhe é pedido que faça o inverso do que costuma fazer: instalar uma ideia na mente de alguém.
"A Origem" é brilhante! Nolan tem o condão a cada novo filme que faz se reinventar e criar algo de novo numa 7ª arte cheia de clichés e filmes sem sabor. Um filme de Nolan é sempre um desafio para o espectador que sabe, de antemão, que vai pôr a massa cinzenta a trabalhar durante o visionamento da sua obra. Nolan volta, mais uma vez, a surpreender (e se a fasquia já estava alta!!) e a dar-nos um filme daqueles que marca e fica na cabeça de quem vê durante muito tempo. Demorou perto de 10 anos até ter o argumento completo e como ele o queria, mas aí está: Nolan criou uma nova obra de culto.O elenco brilha, como seria de esperar! Di Caprio novamente em grande (só mesmo a Academia se recusa a dar mérito a um dos melhores actores da actualidade) muito bem acompanhado por todo o cast (muitos e bons), donde destaco ainda Cotillard que pode muito bem voltar aqui a receber uma estatueta dourada. Depois há um "personagem", sempre presente, que eleva o filme a um patamar ainda mais elevado: a magnífica banda sonora de Hans Zimmer. Brutal! Para alguns realizadores fazerem um filme como "A Origem" seria criar a obra-prima de toda uma vida! Para Nolan é somente mais um grandíssimo filme que nos faz aguardar ansiosamente pelo próximo, porque se há realizador que não defrauda os seus seguidores, esse é Christopher Nolan!
Aguardo agora com alguma curiosidade que chegue Janeiro, e com ele venham as nomeações para os Óscares da Academia! É que pelo menos 7 ("Filme" - ainda por cima agora que há 10 nomeados!, "Argumento Original", "Montagem", "Fotografia", "Banda Sonora", "Actriz Secundária" e "Efeitos Visuais") devem cair! Se assim não for lastimo, mas por outro lado congratulo-me por os filmes de Nolan não cairem no goto das "altas esferas" da 7ª arte. Porque para nós, espectadores, eles não só caem como ficam a levitar na nossa mente, como um vírus...